Música de Dona Ivone Lara e Jorge Aragão

Não entendi o enredo
Desse samba amor
Já desfilei na passarela do teu
Coração
Gastei a subvenção
Do amor que você me entregou
Passei pro segundo grupo e com razão
Passei pro segundo grupo e com razão (Não entendi)
Meu coração carnavalesco
Não foi mais que um adereço
Teve um dez em fantasia
Mas perdeu em harmonia
Sei que atravessei um mar
De alegorias
Desclassifiquei o amor de tantas alegrias
Agora sei
Desfilei sob aplausos da ilusão
E hoje tenho esse samba de amor, por comissão
Fim do o carnaval
Nas cinzas pude perceber
Na apuração perdi você


Comentário da editora aqui: é ou não é uma maravilha de metáfora?????

Tá, eu não fico tietando com todo artista que vem ao Espaço Brasil Telecom. Sério! Juro! Mas essa aí, não tinha como não tietar. Me senti uma coisinha perto da dama do samba, Dona Ivone Lara, 87 anos. Foi ótimo conversar com ela e ficar pertinho, assitindo às suas entrevistas e tentando captar um pouco dos seus ensinamentos.
- O samba tá na moda, Dona Ivone?
- Sempre teve!
- "Ele" é o nosso grande cartão de apresentação, não é?
-Com certeza! A gente faz show lá fora e pode tocar a música que quiser, até esse "foxx", que o pessoal aplaude. Mas quando toca samba, eles vão à loucura! Compreende?

Renato, Dona Ivone Lara e eu (a foto ficou péssima, mas é o que temos, então...):



O mais legal foi a peraltice de Dona Ivone. Duas horas antes do show, os músicos combinaram o repetório, repassado pela assessora Miriam:

- A senhora entra cantando "Sorriso Negro". Eu sei que a senhora gosta de fazer essa no final, mas eles querem no início. Então a senhora inverte. Depois canta "Alguém me avisou", "Mas quem disse que eu te esqueço" e encerra com "Tendências". No final, volta pro bis com "Aquarela Brasileira" e todo mundo canta junto, entendeu?

A tudo, a experiente sambista respondia com um aceno de cabeça e um "tudo bem, se eles querem assim..."

Chegando no palco, a danada até cantou as quatro músicas que o grupo havia ensaiado (sem ela, pois esta não gosta de ensaios e acha que não precisa mais disso: "entro no palco e canto, oras!"). Mas depois fez os pobres músicos segui-la e de "Tendências" puxou, sem deixar tempo pra pensar, "Sonho meu" e "Acreditar". A platéia, claro, adorou!